#FLAGvox | Acessibilidade digital: quando desenhar para todos melhora a experiência de cada um

Neste artigo de opinião, Joana Mesquita, formadora da FLAG, explica como a aposta na acessibilidade digital pode melhorar a experiência de todos os utilizadores.

 

A acessibilidade digital está, felizmente, a deixar de ser vista como uma obrigação legal ou uma preocupação restrita a um grupo específico. Em Portugal, começamos a perceber que desenhar com mais empatia e atenção à diversidade não só é mais justo — resulta em experiências digitais mais simples, eficazes e agradáveis para todos.

Durante muito tempo, falou-se de acessibilidade apenas no contexto da deficiência. Hoje, o entendimento é mais abrangente. Uma solução digital acessível é aquela que serve também a pessoa idosa que começa a usar a internet, o jovem com uma lesão temporária, ou alguém a tentar preencher um formulário no telemóvel, num transporte em movimento. A acessibilidade não é um extra — é a base de uma boa experiência digital.

Nos últimos anos, temos assistido a um movimento cada vez mais claro: empresas e entidades públicas em Portugal estão a integrar princípios de acessibilidade nos seus processos de design, desenvolvimento e conteúdo. Há mais formação, mais consciência, mais vontade de fazer bem. Ferramentas e boas práticas estão disponíveis — e começam a ser usadas desde o início dos projetos, o que faz toda a diferença.

Claro que há desafios. A aplicação do Ato Europeu de Acessibilidade, com prazo para 2025, vai exigir mudanças reais em vários serviços digitais — do comércio online à banca, dos transportes à comunicação audiovisual. Mas a grande oportunidade está em não olhar para estas exigências como um obstáculo, e sim como uma alavanca para inovação e melhoria contínua.

Porque quando criamos experiências mais acessíveis — com bom contraste, navegação intuitiva, linguagem clara e compatibilidade com diferentes modos de uso — não estamos apenas a cumprir uma norma. Estamos a criar soluções mais robustas, mais respeitadoras das pessoas e, muitas vezes, mais eficazes para o próprio negócio.

A acessibilidade digital é, acima de tudo, uma escolha de qualidade. E essa escolha começa com uma pergunta simples, mas poderosa: será que todos conseguem realmente usar isto? Quando a resposta é sim, todos ganhamos.

 

Artigo de Opinião em: Exame Informática | Texto de: Joana Mesquita