fbpx

#FLAGvox | Afinal, de onde vêm as ideias?

Criatividade sob a perspetiva de Jorge Coelho.

 

Afinal, de onde vêm as ideias?
Onde nasce a inspiração? Como se transforma um plano, racional e bem fundamentado, num pensamento lateral, disruptivo, criativo e mobilizador?
Há anos que me debato com esta dúvida metódica, nas suas diferentes materializações. Para quem ganha a vida com este negócio, saber de onde vêm as ideias torna-se fundamental.
É uma espécie de mapa da mina.
Partilho, pois, algumas das minhas reflexões sobre o tema. São pontos de partida mais do que conclusões, mas espero que ajudem a trazer umas luzes (perdoem o cliché) ao tema.

Ponto 1
A criatividade não é livre.
O criativo sim, deve sentir-se livre, mas a criatividade é inevitavelmente limitada pelos meios, pelo propósito, pelos intervenientes e recursos.
Não há criação no vazio nem para o vazio. A ideia nasce de algo e para algo.
Portanto, as perguntas cruciais são: o que temos para começar e o que queremos atingir?
Ponha estes pontos na mesa e discuta-os antes de começar a criar. Caso contrário, o resultado final pode ficar muito longe do desejado.

Ponto 2
A criatividade é, acima de tudo, um ponto de vista.
Um foco diferente, uma perspectiva desconhecida ou um canto obscuro que leva a um caminho por explorar. Para o ver é preciso querer. É preciso treinar os olhos e habituá-los ao escuro, a olhar para onde os outros não olham ou, até mesmo, a ter um olho para cada lado.
Se só consegue fixar a ponta do nariz, treine mais ou treine diferente. Questione-se. Conviva com a diferença. O importante aqui pode ser que olhos pomos no problema, e por onde já passaram eles, no caso dos nossos não verem que chegue.
(Neste ponto, as orelhas também são fundamentais, muito mais importantes até do que a boca, mas já chega de partes do corpo).

Ponto 3
A criatividade não se justifica, sente-se.
Ou seja, assim que racionalizamos o tema, matamos as ideias. Vivemos dependentes de apresentações, decks e dissecações de tudo e para tudo. Os racionais criativos, a análise ao detalhe (não o detalhe, a análise), as regras e o beauty shot são as armas dos medíocres em ideias. Basta pensar que a própria consciência sobre o que é ou não uma boa ideia, nos é dada, não por um sinal da razão, mas por um aperto no peito. É uma questão de coração e não de cérebro.
Sabemos que estamos perante uma boa ideia quando os olhos se abrem espontaneamente, aumentam os batimentos cardíacos e, ao mesmo tempo que inspiramos fundo, alguns como eu, sentem o impulso de soltar um valente “F***-** é isto!”.
Dê então mais atenção ao coração e aos apertos no peito do que às dissertações e auditorias.

Ponto 4
As ideias não são para todos.
Pelo menos se estivermos a falar de ideias como normalmente definimos a visão criativa nas artes, nos espectáculos, na comunicação. Nestes sectores, o conceito de ideia pressupõe uma forte energia transformadora e uma perspectiva original. Ora, tudo isto traz consigo uma razoável dose de risco. A questão é que nem todos querem/sabem/podem (escolha a opção mais indicada) arriscar. Há quem prefira ou só possa ser criativo como o vizinho. Seguir a tendência. Inovar q.b.. Neste caso, o assunto morre aqui. Se não quer ou não pode, não lute com isso porque só gera ansiedade. Se não sabe, procure, descubra, mande uma mensagem.
Arrisque.

Ponto 5 – Há mais sobre o tema, mas o texto já vai longo, por isso, se quiser saber mais sobre o
tema, passe pela FLAG ou mande um email e bebemos um café. É só uma ideia.

 

Este artigo de opinião faz parte do eBook FLAG “Criatividade em Perspetiva, que reúne, página a página, reflexões e ensaios profundamente enriquecedores de diversos profissionais sobre as multifacetadas dimensões da Criatividade.

Faz o download do eBook gratuito aqui.