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#FLAGvox | Onde está a criatividade na Experiência do Utilizador?

Criatividade sob a perspetiva de Jorge Oliveira

 

Vou saltar por cima duma data de coisas e aterrar directamente naquilo que me parece um dos maiores desafios do momento…

Como desenhar boas experiências, assegurando que recorremos a padrões que o utilizador reconhece e por isso lhe facilitam a vida, ao mesmo tempo que esses padrões normalizam cada vez mais as experiências e tornam tudo mais igual?

Acrescentem a isto a necessidade cada vez maior de desenharmos para a inclusão e a acessibilidade, além das normas de SEO, performance e sustentabilidade digital que se tornam cada vez mais importantes, e que por isso mesmo empurram tudo ainda mais para o tal padrão que vem de cima.

E a cereja no topo do bolo… que converta a visita ou o uso em algo útil para o negócio ou marca, seja uma venda, uma subscrição, uma lead.

Para desafio não me parece mal, mas é apenas mais uma terça feira de manhã. 🙂

 

O que querem os humanos?

As regras, esses constrangimentos, são oportunidades de trabalho que devemos abraçar e conhecer a fundo para as podermos dobrar e contornar da melhor forma. Só as podemos quebrar depois de as conhecer.

Se formos obtusos com aquilo que dizem todas as regras, acabamos a desenhar a preto e branco, literalmente. Porque é mais acessível, rápido e sustentável. Mas é isso que o utilizador humano quer?

E aqui reside a enorme oportunidade de fazer a diferença.

Queremos agradar ao humano, para que ele nos “compre” e temos que entregar informação à máquina para que ela nos “venda”.

Conseguir fugir aos padrões e entregar mais humanidade, proximidade, atenção e respeito, é uma excelente oportunidade de sermos criativos, sem esquecer de alimentar a máquina.

 “O essencial é invisível aos olhos” e a nossa conversa com a máquina pode acontecer “atrás dos panos”.

 

Todos os dias há humanos diferentes

Já repararam que há marcas de roupa que ficam no mito da eterna juventude e outras que envelhecem ainda mais que nós? Ambas decidiram que é ali que está o seu publico e é para eles que desenham.

Uns esperam que a caravana passe, os outros vão com a caravana. Ambos estão certos. Talvez uns mais certos que outros. Logo se vê. É entre um e outro que vamos encontrando coisas novas.

Novos designs e novas experiências para novos utilizadores que talvez não existissem antes.

Temos um nicho? Temos um novo utilizador? Temos novos comportamentos? Temos.

A minha mãe usa muito o Uber. Sabem quem é o interface? Adivinharam. Sou eu e isto não é novo (ainda valerá a pena ler Being Digital do Nicholas Negroponte?).

 

Sê mais humano

Diz-se que o hábito faz o monge e eu diria que a ferramenta faz muitas vezes o designer. Quando o designer, por definição, tem apenas uma ferramenta… chama-se perceção.

O que vemos, o que sentimos, o que inferimos, o que lemos, o que observamos. Essas são as nossas maiores ferramentas. E é com elas que nasce a criatividade.

O resto? É com o que estiver mais à mão. E por falar em mão… há quanto tempo essa mão não faz um esboço? Um boneco? Um apontamento? Algo que não tenha Undo ou Settings? Algo que fica ali de forma imediata, numa ligação direta com a inteligência natural, sem mais intermediários?

Já experimentaram?

 

Ser criativo

Ser criativo não é ser artista.

É saber interpretar o mundo e concretizá-lo num desenho capaz de servir quem o usa. E esse utilizador é tão humano como nós.

Então e se?…

 

 

Este artigo de opinião faz parte do eBook FLAG “Criatividade em Perspetiva, que reúne, página a página, reflexões e ensaios profundamente enriquecedores de diversos profissionais sobre as multifacetadas dimensões da Criatividade.

Faz o download do eBook gratuito aqui.