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#FLAGvox | A interseção entre design e conteúdo: Como o UX writing transforma a experiência do utilizador

No cruzamento entre o design e o UX writing, conseguimos criar uma experiência de utilizador verdadeiramente memorável.

 

Imagine uma interseção movimentada sem semáforos, onde vários veículos se aproximam de diferentes direções. Sem sinalização para indicar prioridade, os condutores precisam de colaborar e confiar uns nos outros para atravessar em segurança. Assim como na criação de experiências digitais, cada detalhe precisa ser cuidadosamente coordenado para evitar colisões na jornada do utilizador.

Este cenário ilustra o ponto de encontro entre o design e o conteúdo. Tal como os condutores, UX designers e UX writers devem colaborar estreitamente para alcançar um objetivo comum: aprimorar a experiência do utilizador.

Empatia: entender o utilizador

No Design Thinking, a primeira etapa é a empatia. Na nossa metáfora da interseção, empatia é como compreender as regras da estrada e os sinais dos outros condutores. No contexto do UX writing, isso significa fazer as perguntas certas:

  • Como é que os utilizadores descrevem o produto?
  • Estamos a comunicar na linguagem deles?
  • Onde é que a terminologia pode gerar confusão?

 

Podemos usar técnicas como a análise de comentários em redes sociais, fóruns, pedidos de suporte e avaliações online (conversation mining) para obter estas respostas. Se o produto ainda não existe, analisamos concorrentes ou produtos semelhantes.

Um exemplo de como pequenas mudanças na escrita podem ter um grande impacto é o caso da Google, que melhorou os resultados em 17% ao mudar “Reserve um quarto” para “Verificar disponibilidade”, reduzindo a ansiedade do utilizador que ainda não queria comprometer-se com uma reserva.

É crucial alinhar o conteúdo que criamos com as expectativas dos utilizadores, tal como é fundamental que todos na interseção compreendam as regras básicas de condução. Por exemplo, ao ver um botão etiquetado como “Próximo”, o utilizador espera mais etapas. Falhar em atender a essa expectativa pode gerar frustração.

Definição: delimitar o problema

Após a empatia, precisamos definir o problema de design – ou, no nosso caso, o problema de comunicação.

Qual é o problema real que precisamos resolver? Será que os nossos utilizadores não conhecem as regras, há alguma palavra ambígua, ou existe excesso de informação que os leva a perderem-se no processo?

Definir o problema claramente permite-nos traçar um caminho eficaz, evitando sobrecarga informativa e usando divulgação progressiva para apresentar apenas a informação necessária no momento certo.

Ao contrário do que se possa pensar, um UX writer não se limita a criar textos, mas também define onde o conteúdo será implementado e como ele se alinha com o restante da interface, garantindo uma experiência integrada e sem falhas.

Ideação: gerar soluções criativas

Na fase de ideação, exploramos todas as soluções possíveis, tal como um condutor considera várias rotas para chegar ao destino, analisando os prós e contras de cada caminho.

Para um UX writer, isso significa pensar em diferentes maneiras de organizar a informação, utilizando técnicas como arquitetura de informação e taxonomias para categorizar o conteúdo de forma que faça sentido para o utilizador.

Nesta fase, é essencial garantir que o conteúdo seja claro, coeso e consistente ao longo de toda a experiência do utilizador – os três pilares fundamentais do design de conteúdo.

Prototipagem: testar o conteúdo

A prototipagem é como ensaiar a condução numa rota escolhida antes de enfrentar o trânsito real. No UX writing, isso envolve colaborar com os designers para inserir o conteúdo numa wireframe ou protótipo de interface, permitindo visualizar como o texto interage com o design.

Por exemplo, ao testar diferentes versões de uma mensagem de erro, podemos avaliar qual delas orienta melhor o utilizador a corrigir o problema sem gerar frustração.

Além disso, é nesta fase que avaliamos a eficácia das instruções e ajudas contextuais, assegurando que os utilizadores recebem o suporte necessário exatamente no momento em que precisam.

Testes e implementação: validar a experiência

Finalmente, chegamos à fase de testes, onde validamos o conteúdo com utilizadores reais. Perguntamos se a informação foi clara, se as expectativas foram atendidas e identificamos áreas de melhoria.

Devemos sempre lembrar que a implementação do design final não é o nosso último passo; há sempre espaço para melhorar. A pesquisa periódica com os utilizadores é essencial para ajustar o conteúdo e melhorar a experiência como um todo.

Confiança no processo e na colaboração

Assim como numa interseção sem semáforos, onde todos precisam confiar nas habilidades uns dos outros para garantir uma travessia segura, no UX writing e design, é fundamental confiar no processo de Design Thinking e na colaboração contínua entre os profissionais.

No mundo do UX, cada decisão de design ou de escrita impacta diretamente a experiência do utilizador. Colaborar desde o início e seguir todas as etapas com diligência é a chave para criar produtos digitais que atendem e superam as expectativas dos utilizadores.

 

Artigo de opinião escrito por Liudmila Cernat.

Este artigo de opinião faz parte do eBook FLAG “Design em Perspetiva – As Múltiplas Facetas do Design” que reúne reflexões e ensaios de 14 profissionais que partilham as suas perspetivas sobre o papel do design na sociedade atual e futura.

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